APRESENTAÇÃO
Outra Brasília Nunca Mais - uma exposição em realidade aumentada
Conheça os finalistas do Concurso que escolheu o traçado da Capital Federal.
Quando a Primeira Grande Guerra Mundial acabou e a poeira de tantos bombardeios baixou, ficou o rastro da maior destruição de cidades europeias por desastres não naturais, jamais visto. Algumas tiveram de se reerguer do zero, levantando uma discussão sobre as bases em que seriam reconstruídas.
Com essa intenção, arquitetos dos mais variados países reuniram-se durante as edições do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna - CIAM, realizado regularmente entre 1928 e 1956, cujas premissas fundamentam um novo conceito de “habitação social” e “cidade funcional”.
O arquiteto franco-suíço Charles Edouard Jeanneret Gris, conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier, foi um dos fundadores e o maior defensor de uma arquitetura com foco nos aspectos socioeconômicos, em detrimento da monumentalidade das cidades. Em um documento conhecido como Carta de Atenas, foram lançadas as bases da Arquitetura Moderna.
Enquanto isso, no Brasil, o Presidente da República Juscelino Kubitschek estava iniciando seu mandato. Era 1956, e ele havia decidido cumprir a Constituição e erguer a nova capital na região Centro Oeste, até 1960. A opção estratégica foi pela escolha do Plano Piloto por meio de um concurso público, contando assim com o aval de jurados nacionais e internacionais.
O edital era pouco exigente: um desenho básico do traçado, a localização das mais importantes instalações públicas e um memorial descritivo justificando as escolhas. Entretanto, exigia um caráter monumental.
Os participantes seguiram o pensamento modernista, assim como o próprio JK, conhecido popularmente como “Presidente Bossa Nova”.
Todos os 26 projetos apresentaram, em algum ponto, o pensamento do arquiteto Le Corbusier. A escolha entre os cinco melhores não foi fácil, pela singularidade das propostas. A comissão julgadora optou por classificar sete concorrentes: três dividiram o 5º lugar, dois ficaram em 3º, um foi vice e o primeiro colocado, Lúcio Costa.
A história prova que o júri estava certo: embora simples, foi uma decisão arrojada e o Plano Piloto vencedor se concretizou em 21 de abril de 1960, com a inauguração da nova capital, Brasília.
Em 1987, com apenas 27 anos, todo o conjunto arquitetônico foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, pelas relações entre as quatro escalas urbanas: a monumental, residencial, bucólica e gregária, além de sua arquitetura inovadora.
Vale destacar que, até o momento, Brasília é o único bem contemporâneo a receber esta distinção.
“Foram circunstâncias favoráveis que me deram a oportunidade de realizar Brasília. Outra Brasília, nunca mais!” - Lúcio Costa, em entrevista à jornalista Ana Luiza Nobre (1997).
PRESENTATION
Another Brasília Nevermore: an exhibition in increased reality
Know the finalists of the contest which has chosen the draft of the Federal Capital.
When the Great War, or World War I ended and the dust of so many bombardments settled down, there remained a track of the major destruction of European cities by non-natural disasters ever to be seen. Some had to rise again from the bottom up, raising a discussion about on which bases they would be rebuilt.
With such intention, architects from a variety of countries met during the editions of the International Congress of Modern Architecture, regularly held between 1928 and 1956, whose premises founded a new concept of “social habitation”and “functional city”.
Franco-Swiss architect Charles Edouard Jeanneret Gris, known by his pseudonym Le Corbusier, was one of the founders and major advocate of an architecture focused on socio-economic aspects, to the detriment of the monumentality of cities. In a document known as the Athens Charter, the bases of Modern Architecture were launched.
Meanwhile, in Brazil, the President of the Republic Juscelino Kubitschek was beginning his government. It was 1956 and he had decided to comply with the Constitution, and so raise the new capital in the Mid-Western region until 1960. His strategic option was to choose the Pilot Plan through a public contest, thus counting on the approbation of national and international judges.
Its public notice was little demanding: a basic design of the draft, the location of the most important public facilities, and a descriptive memorandum justifying its choices. Nevertheless, it demanded a monumental character.
Its participants followed the modernist thinking, as well as JK himself, popularly known as the “Bossa Nova President”.
All of the 26 projects presented the thoughts of architect Le Corbusier at some point. The choice between the five best was not an easy one, for the singularity of their proposals. The judging committee opted to classify seven contestants: three shared the 5th place; two held the 3rd, one was the 2nd, and Lucio Costa the 1st place.
History proves that the jury was right: Though simple, it was a bold decision and the winning Pilot Plan was made concrete on the 21st of April, 1960, with the inauguration of the new capital, Brasília.
In 1987, only 27 years old, all of its architectonic whole was acknowledged by Unesco as World Cultural and Natural Heritage, for its relations between the four urban scales: monumental, residential, bucolic, and gregarious, besides its innovative architecture.
It is worth highlighting that, up to this moment, Brasília is the only contemporary good to receive such distinction.
“There were favorable circumstances which gave me the opportunity to accomplish Brasília.
Another Brasília, nevermore!” Lúcio Costa, in an interview with journalist Ana Luiza Nobre (1997)
PLANO 01
5º Lugar
João Vila Nova Artigas
Comandado por um grupo de arquitetos, e chefiado por João Vilanova Artigas, o primeiro projeto inscrito no concurso foi, também, um dos mais numerosos em quantidade de colaboradores de todas as áreas: da saúde pública à engenharia; da energia elétrica ao saneamento básico; do cálculo ao desenho. O projeto, influenciado por Le Corbusier e tendo a Carta de Atenas como manual, inclui desde aspectos físicos da região ao sistema viário. O resultado foi um projeto burocrático e cartesiano criticado pelas zonas residenciais muito uniformes, por oportunidades topográficas perdidas e pela baixa densidade populacional.
PLANO 02
2º Lugar
Boruch Milman
O prêmio escapou por pouco das mãos da equipe mais jovem do concurso para a escolha da nova capital: um grupo composto por recém-formados. Entre eles, o mineiro de Pouso Alegre, Boruch Milman. Os estudos populacionais, principalmente as projeções, foram as mais bem avaliadas do concurso, mas a comissão julgadora considerou excessiva a preocupação com a expansão urbana. Os espaços vazios entre as zonas comerciais e residenciais, isolando o centro comercial, seriam preenchidos por novos habitantes, na concepção dos autores.
PLANO 08
3º Lugar
M.M.M. Roberto
O escritório de arquitetura M.M.M. Roberto dividiu a terceira colocação com a equipe de Rino Levi. Os irmãos Roberto inscreveram o Plano de número 8 propondo uma cidade igualitária, onde o monumental não ofuscasse o conceito de cidade do interior. Pretendiam desenhar uma capital voltada para os valores humanos, uma cidade para cidadãos; da totalidade, para o acolhimento. Embora a intenção fosse apresentar uma cidade descentralizada, para os jurados, pareceu um plano muito controlador e nada monumental. Isso derrotou as chances de sair vencedor.
PLANO 17
3º Lugar
Rino Levi
O número 17 de Rino Levi, Roberto Cerqueira César e Luiz Roberto de Carvalho Franco dividiu a terceira colocação com os irmãos Roberto pela ousadia da ideia: uma cidade vertical onde as superquadras projetariam os blocos de edifícios com o comprimento da Torre Eiffel de Paris, 300 metros de altura. Uma cidade completa com vista deslumbrante para o lago e para a beleza do cerrado. Eles queriam reproduzir a vida de uma cidade do interior dentro de um edifício habitacional, ou seja, o projeto alterou a malha horizontal da cidade para um sistema vertical.
PLANO 22
1º Lugar
Lúcio Costa
Vencedor do concurso, o projeto do Plano Piloto de número 22 foi inscrito praticamente na data limite e é assinado por um único arquiteto: Lúcio Costa. Na planta original o Eixo Monumental e a Praça dos Três Poderes ficavam mais distantes do lago, problema corrigido por sugestão do júri. Na Praça a distribuição dos edifícios formava um triângulo equilátero simbolizando a complementaridade equivalente entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
PLANO 24
5º Lugar
Henrique Mindlin
Henrique Ephin Mindlin, Giancarlo Palanti e outros arquitetos associados conquistaram a quinta colocação no concurso da Novacap. As semelhanças entre o traçado de Mindlin e Palanti com o de Chandigarh, capital de Punjab na Índia, são notáveis. O plano isolava os setores urbanos por amplas áreas verdes, cuja proposta tinha a intenção de tornar a cidade mais arborizada e espaçosa. Um cinturão verde impediria a descaracterização do plano e o crescimento desordenado da população urbana, contudo, para o júri foi esse o motivo do descrédito no projeto.
PLANO 26
5º Lugar
Milton Ghiraldini
A Construtécnica S.A. apresentou o último projeto no Concurso Nacional do Plano Piloto, de número 26. A empresa de construções ficou entre os sete finalistas e dividiu a quinta colocação com outros dois concorrentes. O Plano Piloto da construtora baseava-se, também, na teoria da Cidade-Jardim de Radburn que previa unidades de vizinhança autossuficientes, cinturões verdes centrais e um planejamento regional orientado segundo os valores humanos